Dia D Drummond para mim

O poeta Carlos Drummond de Andrade, nascido sobre o inicio da fase de revolução industrial tecnológica, cresceu por entre as leituras modernistas e se tornou um dos maiores representantes deste seguimento no Brasil. Escritor admirável e respeitado por uma importante comunidade letrada, Drummond viajou o mundo por meio dos livros e das notícias que chegavam pela imprensa e, com isto nos fazia e ainda nos faz viajar também por este vasto mundo! Contando "causos" e até mesmo descrevendo a estética da época em que viveu, o poeta seguia o curso do sucesso pelos registros de sua escrita.
Para mim, Drummond não só foi um ícone do saber para a Literatura brasileira, mas também uma fonte de inspiração, possibilitando uma simples admiradora como eu, tornar-se Mestre em Letras, também na mesma área da Literatura brasileira.
no sentido de homenagear um poeta que sabia brincar com as sete faces de nossa imaginação, e que sutilmente nos enfeitiça até os dias de hoje, segue um de seus celebres poemas, daqueles em que ainda habitava o mundo Gauche.

Imagem: Carlos Drummond de Andrade
fonte: divulgação


O poeta das sete faces

Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser
gauche na vida.

As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.

O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.

O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.

Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.

Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.

Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.


Carlos Drummond de Andrade.

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