Guia prático para um Ano Novo com estilo

Ano velho terminando e o novo a se pronunciar. Quantas coisas foram desenvolvidas e quantas ainda serão! Agimos tal e qual o tempo, desenrolando os acontecimentos em uma sucessão de momentos. E nesses períodos em que vivemos, sejam determinados ou contínuos, vamos registrando as ocasiões. As vezes mais rápidos ou no ritmo da lentidão, determinamos época para tudo, com ou sem estilo e vamos recuperando ou tentando recuperar a noção de nossas identidades, ou do "vir-a-ser" que vão sendo gastas por este mesmo tempo que nos acompanha.
Neste bolg o tempo passa rastreando muitos passos, sejam meus ou seus, mas de uma forma lúdica, onde a criatividade se conecta com a moda a arte e a poesia. Muitos momentos  destas ações criativas, aqui foram registrados e muitos os pensamentos eternizados. A moda que cria arte, a arte que cria poesia e que também se apropria desta mesma linguagem.
Pensando em lhes desejar um Ano de belíssimas realizações, deixo uma receita para o Ano Novo, que um poeta mineiro nos presenteou um dia.


RECEITA DE ANO NOVO

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor de arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação como todo o tempo já vivido
(mal vivido ou talvez sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser,
novo até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?).
Não precisa fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar de arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto da esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um ano-novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

Carlos Drummond de Andrade.
Texto extraído do "Jornal do Brasil", Dezembro/1997.
Imagem: criação do estilista Paul Poiret, La Perse, 1911, designer by Raoul Dufy.

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